quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Erotização Infantil


Assistindo a uma entrevista de uma integrante da equipe da coordenação da pastoral do menor /CNBB Regional Sul e também autora do livro Violação na infância, não pude deixar de fazer uma associação com o lixo cultural que nos metem garganta ou ouvidos abaixo.
Na entrevista ela informa ou relembra que temos no Brasil uma lei de proteção e promoção dos direitos da infância das mais modernas e avançadas do planeta em consonância com normativas internacionais vigentes. Mas ainda podemos ver que a criança é tratada como um cidadão de segunda classe...um ser “menor” e o status impresso neste estatuto ainda não lhes asseguram o cuidado e proteção que necessitam.
E porque? Porque o desrespeito inerente a esta fase especial na vida de tão importantes criaturas inicia ( em grande parte das vezes dentro de seus próprios lares e nas entidades que freqüentam) de forma insidiosa, velada, despercebida.
E não estou a falar dos casos clássicos de violência sexual e maus tratos intrafamiliares das quais são vitimas crianças e adolescentes por esse Brasil afora.
E sim do processo de erotização precoce a que são submetidos nossos jovens e até mesmo crianças de todas as idades. E os responsáveis são os próprios pais e educadores que tem a missão de cuidar destes pequenos seres.
È deplorável presenciar meninas em apresentações nas escolas infantis com shorts justos ou saias extremamente curtas, dançando musicas do tipo “Glamourosa” ou “Atoladinha” reproduzindo a ginga maliciosa das estrelas de TV imitando movimentos eróticos característicos da relação sexual adulta. Em outras épocas, as menininhas dançavam “Segura o tchan” com toda a ingenuidade peculiar da idade cruzando as mãozinhas sobre as genitálias. E os pais e professores aplaudem esse triste e grotesco espetáculo! Nestas musicas, o moço é chamado de moleque dengoso, as moças “cadelas no cio” “Poposudas”, “Piranhas”, “Assanhadas” e tem mais, dançam Funk e outros ritmos nas escolas e festinhas familiares repetindo como papagaios que o “tapinha não dói” que a mulher é cachorra, que o “amor é canibal” e tantas outras expressões chulas agressivas e discrimanatórias . E isso tudo num momento único da historia da humanidade, tempos de lutas e de conquistas pela afirmação dos direitos humanos. Tempo em que pessoas de boa vontade lutam para descontruir paradigmas machistas, pais, mães, familiares enfim, inadvertidos e sem o menor senso critico “entram na onda”. Transformando nossas crianças em adultos em miniatura fora da época, fora do contexto, sustentando uma fábrica de sucessos de mediocridade.
Pobre infância em um País onde os estereótipos estão arraigados na cultura de nossa sociedade que maldosamente condena as fêmeas ( mulheres e meninas) pelos crimes sexuais praticados pelos machos.
Parou pra pensar?...

Vilma Philippsen

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