terça-feira, 11 de setembro de 2007

Semana Farroupilha


Estamos na semana farroupilha. Dia 20 de setembro, comemoramos o aniversario da guerra dos farrapos, liderada por Bento Gonçalves. Parte da historia desta luta sangrenta, que durou 10 anos, ( 1835 a 1845) foi mostrada pela Globo na mini-serie “A casa das sete Mulheres”. Mas quem não é Gaúcho ( ao menos de coração) não consegue perceber a importância deste marco em nossa história. Nosso passado de lutas para nos tornarmos independentes do Governo Imperial.
Nesta semana, O Rio Grande parece mergulhado no passado. As escolas liberam os alunos de usarem uniformes para vestir a pilcha ( roupa Gaúcha) no Banco do Estado e na Caixa Econômica Estadual encontramos o Gerente vestido a caráter e o chimarrão substitui o cafezinho. Aliás, o que pouca gente sabe, é que pilcha, (para o homem a bombacha e para a mulher o vestido de prenda) é considerada vestimenta oficial em todo o território do RGS. Isto que dizer que vestidos a caráter não seremos barrados em nenhum de estabelecimento, até mesmo um tribunal ou Baile de gala e isso sob pena de lei por discriminação. A única exigência, no caso do homem é o uso do lenço no pescoço, porque o lenço representa a gravata. Da mesma forma que é proibida a entrada num Fandango (Baile Gaúcho) se não estivermos usando a pilcha.
No inicio da semana foram montados acampamentos em todas as cidades do estado onde vivemos todas as nossas tradições, desde de a tosa de ovelhas, competições de tiro de laço, danças, e claro, muito churrasco e arroz de carreteiro ( churrasco é um costelão inteiro assado no fogo de chão, costume mais conhecido desta região e carreteiro é nosso prato típico, um arroz feito com charque, já que o charque podia ser transportado pelos carreteiros de antigamente, uma carne salgada semelhante a carne de sol por isso não estragava com facilidade.) Pois é...agora você sabe que a comida típica do RS não é churrasco como a maioria das pessoas pensam.
Quando vamos passar o dia neste acampamento levamos apenas a cuia e a garrafa térmica, pois água quente e erva mate é distribuída a vontade como cortesia, porque o chimarrão o símbolo da hospitalidade gaúcha. Algumas pessoas fazem careta diante da cuia, imaginando que é amargo e muito quente, mas não é mais quente do que café e nem mais amargo do que qualquer chá. Quando um Gaúcho oferece um chimarrão está oferecendo também a sua amizade. O Chimarrão é uma entre tantas heranças indígenas em nossa cultura. Os índios, cultivavam uma planta nativa a qual eles deram o nome de caá e faziam uma espécie de infusão caaí. E eles também ofereciam esta infusão aos visitantes como sinal de amizade e paz.
Pois é Tchê ( Tchê quer dizer pessoa) temos também nestes acampamentos a “chama crioula” ( fogo simbólico) que é guardada por sentinelas vinte e quatro horas por dia. Esta chama é levada pelos cavaleiros que vão atravessando todo o estado e sendo recebidos com honras em cada cidade.
Estou contando um pouco desta semana Farroupilha para que as pessoas que visitam nosso Blog entendam um pouco do orgulho que este povo aqui do Sul sente ao preservar suas tradições. O Movimento tradicionalista Gaúcho ( MTG) não é um movimento político e as normas estabelecidas tem o intuito único de jamais deixar morrer a lembrança de nosso passado. Passado de honra e Gloria que pretende e vai alcançar nossos descendentes.
Pois desde de piazitos ( pequenos) Guris e Gurias ( meninos e meninas) de todas as querências ( lugares) cantam como se fosse um hino.

“ Eu quero andar nas coxilhas sentido as flexilhas das ervas do chão
Ter o pés roseteados de campo, ficar mais trigueiro com o sol de verão
Ver os campos florindo e crianças sorrindo felizes a cantar
E mostrar para quem quiser ver um lugar pra viver sem chorar
Eu quero me banhar nas fontes o olhar horizontes com Deus
E sentir que as cantigas nativas continuam vivas para os filhos meus
Fazer versos cantando as belezas
Desta natureza sem par
E mostrar para quem quiser ver...
É o meu Rio Grande do Sul
Céu Sol Sul
Terra e cor
Onde tudo o que se planta cresce e o que mais floresce é o AMOR

Um Abraço do tamanho do rio Grande Tchê
Vilma Philippsen

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